Análise de transtornos dismórficos corporais e fatores associados em adultos praticantes de treinamento de força

  • Cristian Roncada Laboratório de Fisiologia do Exercí­cio e Biomecânica, Departamento de Educação Fí­sica, Centro Universitário da Serra Gaúcha, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil.
  • Felipe Johann Teixeira Laboratório de Fisiologia do Exercí­cio e Biomecânica, Departamento de Educação Fí­sica, Centro Universitário da Serra Gaúcha, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil.
  • Guilherme Minuzzo Laboratório de Pesquisa do Exercí­cio, Escola de Educação Fí­sica, Fisioterapia e Dança, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
  • Eduarda Rambo Laboratório de Fisiologia do Exercí­cio e Biomecânica, Departamento de Educação Fí­sica, Centro Universitário da Serra Gaúcha, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil.
  • Caroline Pietta-Dias Laboratório de Fisiologia do Exercí­cio e Biomecânica, Departamento de Educação Fí­sica, Centro Universitário da Serra Gaúcha, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil.
Palavras-chave: Vigorexia, Dismorfia Muscular, Treinamento Resistido

Resumo

O presente estudo verificou e comparou a prevalência de dismorfia muscular em praticantes de treinamento de força de duas cidades da região sul do Brasil (POA e CXS). 154 indiví­duos (30,4 ±6,5 anos) que treinavam há pelo menos 24 meses com frequência mí­nima de 3x / semana foram avaliados por meio do í­ndice de massa corporal, da Muscle Appearance Satisfaction Scale, Drive for Muscularity Scale, Questionário do Complexo de Adônis e Escala de Coluna de 9 Silhuetas. Na avaliação de indí­cios de vigorexia, o Questionário do Complexo de Adônis e Escala de Coluna de 9 Silhuetas demonstraram diferenças na pontuação total da Escala de Coluna de 9 Silhuetas (p<0,01), mas não na avaliação qualitativa. Através da mesma escala, ambos os grupos demonstraram indí­cios elevados de vigorexia (42% POA - 28% CXS). A Muscle Appearance Satisfaction Scale demonstrou diferença em 3 dos 5 domí­nios, além do escore total, onde o grupo POA foi superior na satisfação muscular (p=0,03) e o grupo CXS no uso de substâncias (p<0,01) e lesões (p=0,02), além do escore total (p=0,04). Na Drive for Muscularity Scale os resultados demonstraram diferenças relevantes (p<0,01), com pontuação superior para CXS no comportamento orientado pela muscularidade e na imagem corporal orientada pela muscularidade, além do escore total. Assim, os resultados permitiram verificar que ambas as cidades estudadas possuem elevada prevalência de dismorfia muscular e dependência de exercí­cio fí­sico. Além disso, o grupo CXS apresentou maior uso de substâncias para ganho de massa muscular.

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Publicado
2021-07-17
Como Citar
Roncada, C., Teixeira, F. J., Minuzzo, G., Rambo, E., & Pietta-Dias, C. (2021). Análise de transtornos dismórficos corporais e fatores associados em adultos praticantes de treinamento de força. RBNE - Revista Brasileira De Nutrição Esportiva, 14(89), 576-585. Recuperado de https://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/1790
Seção
Artigos Científicos - Original