Comportamento alimentar e imagem corporal de bailarinos profissionais associados às percepções no ambiente de trabalho
Resumo
A dança determina padrões físicos que impõem desafios constantes aos bailarinos. Objetivo: Analisar o comportamento alimentar e imagem corporal de bailarinos profissionais e a percepção dos mesmos sobre questões relativas à alimentação no ambiente de trabalho. Materiais e Métodos: Foram avaliados 52 bailarinos, 26 homens e 26 mulheres, de companhias de dança profissionais. Utilizou-se a Escala de Atitudes Alimentares Transtornadas (EAAT), para a avaliação do comportamento alimentar, a Escala de Silhuetas Brasileiras, para a avaliação da percepção de imagem corporal e um questionário semiestruturado, para análise da percepção do tema alimentação no ambiente de trabalho. Resultados: Embora a maioria se apresente em eutrofia (86,5%), mulheres e homens se mostraram igualmente insatisfeitos com a imagem corporal, com o grupo feminino desejando majoritariamente uma silhueta menor (69,2%) e o masculino desejando uma silhueta menor (38,5%) ou maior (34,6%). Identificou-se atitudes alimentares pouco disfuncionais em ambos os gêneros, com risco possível e discretamente maior de desenvolvimento de transtornos alimentares para os homens. A autocobrança por estar em forma revelou-se superior à pressão exercida por terceiros, embora a vigilância vertical e horizontal seja percebida. A maioria reporta que o tema alimentação não é abordado com frequência e responsabilidade dentro do ambiente de trabalho. Conclusão: A autocobrança por estar em forma e a alta insatisfação corporal podem estar relacionadas à uma exigência específica do universo da dança. A relação entre bailarinos, superiores e seus pares parece não ser conflituosa para esta pauta, embora a escassa abordagem do tema reflita pouca atenção das instituições para esta questão.
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