Fatores de risco para dismorfia muscular em praticantes de musculação

  • Pedro Balieiro Theodoro Curso de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
  • Marina Garcia Manochio-Pina Programa de Pós-graduação Mestrado e Doutorado em Promoção de Saúde, UNIFRAN, Franca, São Paulo, Brasil.
  • Alessandra Costa Pereira Junqueira Curso de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
  • Andresa de Toledo Triffoni Melo Curso de Nutrição da Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
Palavras-chave: Dismorfia Muscular, Praticantes de musculação, Transtorno alimentar, Imagem corporal

Resumo

O público masculino apresenta cada vez mais uma preocupação excessiva com a imagem corporal, o que pode levar ao desenvolvimento de comportamentos e distúrbios alimentares extremamente prejudiciais à saúde. Uma preocupação antes observada em atletas, em especial fisiculturistas, também tem sido observado em grupos de não atletas. A busca por um corpo cada vez mais musculoso, aponta uma distorção da realidade sobre si mesmo que gera grandes mudanças nos hábitos e na rotina desses indivíduos para buscar o resultado desejado. Assim, o objetivo do presente estudo foi identificar os fatores de risco para desenvolvimento do transtorno entre grupos com diferentes frequências na prática de musculação. Participaram deste estudo 148 indivíduos do sexo masculino, divididos em três grupos: sedentários (grupo controle sem prática de atividade física), ativos (frequência de até 4 vezes na semana) e muito ativos (mais de 5 vezes na semana). A análise de variância (Kruskal-Wallis) mostrou diferenças significativas para os indivíduos classificados como muito ativos, apresentando maiores sintomas de dismorfia muscular (χ2=30,911, p=0,00), desejo de aumentar o tamanho corporal (χ2=16,924, p=0,000), maiores atitudes alimentares patológicas (χ2=12,622, p=0,002) e frequência de comportamentos de checagem corporal (χ2=46,392, p=0,000), mais crenças negativas em relação ao corpo, maior prejuízo funcional e internalização para um corpo mais musculoso em relação aos outros dois grupos participantes. A frequência com que os indivíduos praticavam musculação parece estar associada a diversos fatores predisponentes à dismorfia muscular e comportamentos prejudiciais.

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Publicado
2022-11-15
Como Citar
Theodoro, P. B., Manochio-Pina, M. G., Junqueira, A. C. P., & Melo, A. de T. T. (2022). Fatores de risco para dismorfia muscular em praticantes de musculação. RBNE - Revista Brasileira De Nutrição Esportiva, 16(99), 287-296. Recuperado de https://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/2017
Seção
Artigos Científicos - Original